Técnicos da Agraer participam de curso sobre manejo do greening e outros cuidados da citricultura

Técnicos da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) participam de um curso sobre manejo do greening, a praga mais temida e que tem dizimado pomares de laranjas e outros cítricos no mundo todo, além de outros cuidados necessários para o bom desenvolvimento da citricultura em Mato Grosso do Sul. O curso se iniciou na tarde dessa quarta-feira (6) e continua durante toda a quinta-feira (7), no auditório da Cepaer – o Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer, localizado na saída para Rochedo, em Campo Grande.

O secretário executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Rogério Beretta, participou da abertura do curso. A Semadesc promove a capacitação, que é ministrada por técnicos do Fundecitrus, o Fundo de Defesa da Citricultura mantido pelas empresas do setor no país.

Beretta traçou um breve panorama da citricultura em Mato Grosso do Sul, que já tem aproximadamente 18 mil hectares de pomares plantados – com parte em produção – e projetos para expandir até 32 a 35 mil hectares. “Nosso desafio é garantir que esses 35 mil hectares se concretizem e partir para atrair mais projetos”, disse Beretta, relacionando essa meta diretamente à capacitação dos técnicos da Agraer.

“Queremos que os produtores, sejam daqui ou de fora, se forem entrar no ramo da citricultura, que entrem cientes dos cuidados que precisam ter, dos desafios, dos riscos, e do potencial da atividade. Por isso fomos buscar esse curso, que prontamente a Fundecitrus nos atendeu. Precisamos entender os erros que foram cometidos em outros estados para não repetir aqui”, completou.

O Governo do Estado quer, ao capacitar os técnicos da Agraer, oferecer orientação e assistência aos pequenos e médios produtores de Mato Grosso do Sul que tenham interesse em produzir cítricos. Beretta salientou que há projetos espalhados por todo Estado e não existe ainda pedido para implantação de fábrica de sucos em nenhum município, o que deixa a possibilidade de atrair esse empreendimento aberto para todos. “Quando tivermos 30 mil hectares de pomares produzindo, aí será viável uma indústria de sucos”, completou.

Murta

Uma das providências que Mato Grosso do Sul já tomou para se tornar o novo polo de cítricos do Brasil foi aprovar uma lei, em agosto de 2024, proibindo o plantio, o transporte e a comercialização de plantas da espécie Murraya paniculata, popularmente conhecida por murta de cheiro ou “dama da noite”. Recentemente, Campo Grande aprovou medida idêntica em nível municipal, e outras cidades que pretendem atrair projetos de citricultura acompanham a iniciativa.

A coordenadora de Citricultura da Semadesc, Karla Nadai, explicou por que a murta é tão prejudicial à citricultura. Essa espécie vegetal se constitui a principal hospedeira do psilideo da laranja, um pequeno inseto transmissor do greening, a pior doença dos cítricos. Essa praga já dizimou os pomares dos Estados Unidos e no Brasil, comprometeu pelo menos 50% das lavouras de cítricos de São Paulo, o maior produtor nacional com cerca de 400 mil hectares de pomares.

Karla Nadai argumenta que, mesmo a murta estando distante dos laranjais, o risco é iminente porque o psilideo consegue voar livremente por cinco quilômetros e se for impulsionado por uma corrente de ar, pode percorrer até 20 quilômetros. “Por essa razão o correto é erradicar todas as plantas de murta, mesmo dentro das cidades”, completou.

A murta de cheiro é uma planta de folhagem perene originária das regiões do Mediterrâneo, conhecida por ter folhagem verde vibrante, flores brancas ou rosa pálido e exalar um aroma agradável. É um arbusto de porte médio que vinha sendo muito apreciado na arborização urbana, pela aparência, aroma e tamanho. Entretanto, a associação da planta com a pior praga dos cítricos – o greening – transformou-a em um problema que precisa ser enfrentado.

Texto e fotos: João Prestes

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