Vacas girolanda criadas a pasto com suplementação, que são ordenhadas por robôs automatizados por até três vezes ao dia. Este projeto inovador que está sendo desenvolvido em uma fazenda próxima a Campo Grande foi destino ontem (09) de uma visita técnica da equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) e assistência técnica da Agraer (Agência de desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de MS).
O grupo liderado pelo secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável Rogério Beretta, da Semadesc, contou com a presença do coordenador de pecuária leiteira Orlando Serrou Camy Filho, o gestor de Desenvolvimento Rural, João Roberto Felipe, o pesquisador da Agraer, Vitor de Oliveira e o gestor em desenvolvimento agrário da Agraer, José Carlos Gasperoni. O objetivo foi conhecer a tecnologia de produção mais avançada no leite e os resultados positivos do empreendimento.
A equipe foi recebida pelo diretor agropecuário da Guarujá, Luiz Venturi e o gerente de pecuária Hamilton Luiz de Nadai. No local eles conheceram o projeto que contou com recursos do FCO (Fundo Constitucional do Centro Oeste) e teve início em junho. Numa área de 130 hectares, o grupo implementou a ordenha robotizada com vacas da raça Girolando, criadas a pasto. A ordenha voluntária é uma das características do sistema robotizado. Nesse processo, a vaca vai até o robô na hora que deseja, eliminando a necessidade de buscar o gado.
O diretor do grupo Luiz Venturi explicou que na unidade são 100 vacas ordenhadas em dois robôs, obtendo em média de 23,4 litros de leite por vaca/dia. “Esse sistema traz benefícios tanto para o produtor quanto para o animal”, destaca.
O gerente de pecuária, Hamilton Luiz de Nadai conta que a ideia do projeto de leite do grupo surgiu em 2018 ainda em outra fazenda, situada na MS 040 baseada no modelo de produção da Nova Zelândia, de criação do gado em pastagens. “Buscamos uma raça que se encaixasse neste clima e sistema de produção do Centro-Oeste e a girolando foi a escolhida. Desenvolvemos uma genética de animais mansos e dóceis. Hoje temos matrizes fazemos nosso girolando com animais mansos, pensando em prumo, úbere, mas para nós é a raça que consegue se adaptar”, complementou.
O processo de produzir leite a pasto, além de ser mais natural, promove o conforto do animal e pode ser um grande diferencial no mercado.
Apesar do custo inicial elevado da ordenha robotizada, o grupo ressalta que o investimento compensa a longo prazo. A margem de produção de leite com a robotização é de 30%, em comparação com apenas 5% sem ela. Além disso, o desperdício de alimentação é minimizado, já que as vacas comem somente o necessário.
“O objetivo é baixar o custo e ser eficiente na produção, mas também garantir o bem-estar animal”, acrescentou. “Futuramente faremos sombreamento, controle de ambiência”, destacou salientando que a meta é chegar a 8 robôs ordenhando mais de 600 vacas por dia.
Mudança de paradigmas
O secretário Rogério Beretta avaliou a visita como extremamente produtiva e agregadora no momento em que a Semadesc está prestes a lançar o programa de incentivos à produção de leite no Estado. “Vemos aqui uma mudança de paradigmas na pecuária leiteira, que é a produção a pasto e a ordenha robotizada”, salientou lembrando que o Governo do Estado está trabalhando hoje um programa, já aprovado, de incentivo financeiro aos produtores, onde eles vão ganhar pelo índice de relação da produção. “Quanto mais o produtor elevar sua produção de leite, ele vai ganhar um incentivo financeiro. Isso fará com que aquele produtor que sair da média ele tenha uma remuneração financeira pela qualidade, isso é um incentivo muito grande”, frisou o secretário-executivo.
Outra ação que será implementada e já está autorizada pelo governador Eduardo Riedel é um programa de melhoramento genético do rebanho leiteiro. “Já estamos fazendo as nossas parcerias para oferecer o embrião sexado. E nós estamos também buscando parceria para comprar vacas ou bezerras. A ideia que é façamos também uma seleção por meritocracia. O produtor que atingir os critérios indicados pela circunstância plena do programa poderá ser premiado com um animal de mais qualidade”, pontuou Beretta.
Para isso o Governo está estudando uma parceria com as associações, e futuramente deve aprovar também um pacote de incentivos financeiros tributários para os laticínios. “Nossa meta também é dar mais competitividade aos laticínios, para que eles tenham uma situação de concorrência melhor que o de outros estados”, afirmou.
“Queremos dar um choque de realidade na produção leiteira do Estado. Mudar a chave com a melhoria da genética, aumento na produção por meio do uso de tecnologias e incentivos”, concluiu.
Texto – Rosana Siqueira
Fotos – Mairinco de Pauda